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UMA BREVE HISTÓRIA SOBRE A ACUPUNTURA

A Acupuntura é uma forma muito antiga de cura e tem como base a filosofia taoísta. Esta prática remonta a uma tradição de mais de 8.000 anos.
O povo desse período costumava meditar e observar o fluxo de energia dentro e fora do corpo, bem como as relações do homem com a natureza e o universo. O sábio mais conhecido foi o lendário Fu Hsi, que viveu no Rio Amarelo, na China, cerca de 8.000 anos atrás.
Observador astuto da natureza, ele formulou a primeira linha de dois símbolos, uma linha quebrada e ininterrupta. Estes símbolos representavam as duas principais forças do universo, a criação e a recepção. Esta dualidade foi nomeada de yin-yang e representa a espinha dorsal da teoria e aplicação da Medicina Chinesa.
Fu Hsi, em seguida, descobriu que quando o yin e o yang se fundem ocorre uma ação criativa, uma energia que dá luz ao Universo. Ele considerou que um trigrama é uma figura de três linhas composta de linhas cheias yang e linhas quebradas yin. Qualquer um desses trigramas pode ser combinado com qualquer outro trigrama para formar um hexagrama de seis linhas. E assim, ele concluiu que são possíveis 8×8 trigramas ou 64 hexagramas do I-Ching (Livro da Mudança). O I-Ching aparece então para moldar o pensamento do homem e influenciar a Medicina Chinesa, que a partir de então se fundamenta nos princípios de sua filosofia.
A sociedade primitiva chinesa foi dividida em dois períodos: a Velha idade da pedra (10.000 anos atrás) e a Nova idade da pedra (10.000-4.000 anos atrás). Durante a Velha idade da pedra, as facas eram feitas de pedras e eram utilizadas para certos procedimentos médicos. Durante a Nova idade da pedra, as pedras eram moldadas em forma de agulhas bem finas e serviam como instrumento de cura. Elas eram chamadas de pedra “bian” – que significa pedra com pontas afiadas para tratar doenças. Muitas pedras “bian” foram escavadas nas ruínas chinesas no período da Nova idade da pedra.
O mais importante marco na história da Acupuntura ocorreu durante o período de Huang Di, ou O Imperador Amarelo (2697-2597). Em um famoso diálogo entre Huang Di e seu médico Qi Bo, eles discutiam todo o espectro da Arte da Medicina Chinesa. Estas conversas se converteriam no monumental texto Nei Jing (The Yellow Emperors Classic of Internal Medicine).
O Nei Jing é o mais antigo livro escrito sobre a Medicina Chinesa. Foi compilado cerca de 305 a 204 anos a.C. e é composto por duas partes:
1. O Su Wen (Questões Simples) – 9 volumes – 81 capítulos.
O Su Wen apresenta a anatomia e a fisiologia, a etiologia das doenças, a patologia, o diagnóstico, a diferenciação das síndromes, a prevenção, o yin-yang, os cinco elementos, etc., bem como a relação do homem com a natureza e com o cosmos.
2. O Ling Shu (O Milagroso Pivot, Eixo Espiritual) – 81 capítulos.
O foco de Ling Shu era a Acupuntura, a descrição dos meridianos, as funções dos órgãos zang fu, os nove tipos de agulhas, as funções dos pontos de Acupuntura, as técnicas de introdução de agulhas, os tipos de Qi, a localização dos 160 pontos, etc.
Hieróglifos mostraram evidências da Acupuntura e da Moxabustão, do período de aproximadamente 1.000 a.C., durante a Dinastia Shang. Agulhas de bronze foram encontradas nas escavações de ruínas, mas as pedras “bian” permaneceram como a principal forma de agulhas.
Durante a data de 421-221 a.C., as agulhas de metal substituiram as pedras “bian”. Quatro agulhas de ouro e cinco de prata foram encontradas em um túmulo antigo que remonta à data de 113 a.C. Os registros históricos observam muitos médicos praticando a Acupuntura durante este período. Outro marco histórico desta época foi a elaboração do Nan Jing (Livro de perguntas difíceis). O Nan Jing discute cinco elementos da teoria, o diagnóstico, oito meridianos extras e outros importantes tópicos.
De 260-265 d.C., o famoso médico Huang Fu Mi organizou todos os textos da antiga literatura em Métodos Clássicos de Acupuntura e Moxabustão. O texto composto de doze volumes descreve 349 pontos de Acupuntura. Ele é organizado de acordo com a teoria do zang fu, do Qi e o sangue, dos canais e colaterais, dos pontos de Acupuntura e da aplicação clínica. Este livro é considerado um dos textos mais influentes da história da Medicina Chinesa.
A Acupuntura foi muito popular durante as Dinastias de Jin,(265-581 a.C.). E nas gerações da família Xu Xi eles eram conhecidos como especialistas na arte da Acupuntura. Durante este período, importantes textos realçaram o conhecimento e a aplicação da Acupuntura.
A Acupuntura teve um grande desenvolvimento durante as Dinastias Sui (581-618) e Tang (618-907). A pedido do Governo Tang (627-649 a.D.), o famoso médico Zhen Quan revisou importantes textos e gráficos sobre Acupuntura. Outro famoso médico da época, o Sun Simio, escreveu Qianjin Yaofang (650-692). Este texto inclui dados de vários estudiosos sobre a Acupuntura.
Durante este período, a Acupuntura tornou-se um ramo especial da medicina e os profissionais foram então nomeados como acupunturistas. Surgiram as escolas de Acupuntura e a formação em Acupuntura tornou-se parte do sistema médico imperial.
Durante a dinastia Song (960-1279), o famoso médico Wang Weiyi escreveu O manual ilustrado sobre Pontos de Acupuntura e Moxabustão. O livro incluiu a descrição de 657 pontos. Ele também fundiu duas estátuas em bronze com os meridianos e os pontos que foram gravados para fins didáticos.
A Dinastia Ming (1568-1644) foi um período esclarecedor para o avanço da Acupuntura. Muitos outros acontecimentos ocorreram neste período:
1. Revisão dos textos clássicos;
2. Refinamento das técnicas de Acupuntura;
3. Desenvolvimento dos bastões de moxa para tratamento indireto;
4. Desenvolvimento de pontos extras fora dos principais meridianos;
5. O trabalho enciclopédico de 120 volumes, Princípio e Prática da Medicina foi escrito pelo famoso médico Wang Gendung;
6. Em 160, Yang Jizhou escreveu Zhenjin Dacheng (Princípios da Acupuntura e Moxabustão). Este grande tratado sobre a Acupuntura reforçou os princípios de Nei Jing e Nan Jing.
Este trabalho foi o precursor dos ensinamentos de G. Soulié de Morant, que introduziu a Acupuntura na Europa.
A partir da Dinastia Qing (1644-1840), a Medicina Fitoterápica se tornou a principal ferramenta de médicos e a Acupuntura foi então suprimida.
Logo depois da Revolução de 1911, a Medicina Ocidental foi introduzida e a Acupuntura e a Fitoterapia foram suprimidas. Devido à necessidade de assistência médica da grande população, a Acupuntura e as ervas se tornaram bastante populares entre as pessoas.
A Acupuntura foi utilizada exclusivamente durante o Long March (1934-35), apesar das difíceis condições de saúde do exército. Isto levou Mao Tsé-Tung, o líder do Partido Comunista, a ver que a Acupuntura permaneceria como um elemento importante no sistema médico chinês. Em 1950, o Presidente Mao uniu oficialmente a Medicina Tradicional Chinesa à medicina ocidental, e a Acupuntura se estabeleceu em muitos hospitais. No mesmo ano, Camarada Zhu De reforçava a Medicina Tradicional Chinesa com o seu novo livro Acupuntura.
No final dos anos 1950 para os 1960, as pesquisas sobre a Acupuntura prosseguiram com um estudo mais aprofundado dos textos antigos, a respeito dos efeitos clínicos e anestésicos da Acupuntura sobre várias doenças.
Desde a década de 1970 até os dias atuais, a Acupuntura continua a desempenhar um importante papel no sistema médico chinês. A China tomou a liderança nas pesquisas sobre a aplicação da Acupuntura e seus efeitos clínicos. Embora a Acupuntura tenha se modernizado, ela nunca irá perder sua ligação com uma filosofia estabelecida há milhares de anos.
A história da Acupuntura no Brasil
1810 – Chegada dos imigrantes chineses ao Brasil para trabalhar nas lavouras de chá, trazendo também a Medicina Tradicional Chinesa.
1908 – Imigrantes japoneses vindos no navio Kasato Maru introduziram sua Acupuntura no Brasil.
1930 – O diplomata Soulie de Morant introduziu a Acupuntura na Europa. Posteriormente, acabou sendo perseguido por alguns ex-alunos médicos, pelo fato de ele mesmo não ser médico.
1950 – Professor Friedrich Spaeth, fisioterapeuta e massoterapeuta, natural de Luxemburgo e naturalizado brasileiro, foi para Alemanha fazer um curso de Acupuntura e ficou lá por 3 anos.
1958 – Frederico Spaeth começo a ensinar Acupuntura para os médicos e acupunturistas brasileiros.
1960 – Teve início o interesse e a prática dos primeiros médicos brasileiros na Acupuntura, até então, em número muito reduzido.
1966 – a OIT (Organização Internacional do Trabalho) incluiu acupunturista como uma das profissões da CIUO (Classificação Internacional Uniforme das Ocupações).
1972 – Fundação da ABA (Associação Brasileira de Acupuntura). Nesta década, cresceu o interesse dos médicos pela Acupuntura devido à repercurssão da notícia de que na China se fazia anestesia com Acupuntura.
1975 – Regulamentação da Acupuntura em nível multiprofissional nos Estados de Nova York e Califórnia.
1980 – Com a abertura da China para acordos culturais e científicos com os países do Ocidente, médicos brasileiros puderam visitar, estudar e criar vínculos com insituições de ensino e pesquisa de MTC (Medicina Tradicional Chinesa). Neste ano, realizou-se o primeiro curso de Auriculoterapia no Brasil, ministrado pelo dentista Olivério de Carvalho Silva. Foi lançado também o primeiro aparelho de eletroacupuntura fabricado no país, o MH1.
1981 – Implantação oficial do primeiro ambulatório de Acupuntura em um serviço público de saúde, no Hospital Municipal Paulino Werneck, na cidade do Rio de Janeiro. No mesmo ano, foi fundado o CEATA (Centro de Estudos de Acupuntura e Terapias Alternativas).
1984 – Criação da Sociedade Médica Brasileira de Acupuntura (SMBA). Também neste ano, o médico Mário Hato entra na Câmara dos Deputados com o PL3838/84, para regulamentar a Acupuntura em nível multiprofissional.
1985 – Pela Resolução COFITO-60, o Conselho Federal de Fisioterapia decidiu em 29/10 habilitar os fisioterapeutas para a prática da Acupuntura, sendo este o primeiro conselho a regulamentar a Acupuntura no país.
1989 – A Acupuntura entra oficialmente na universidade, por meio do I Simpósio Brasileiro de Acupuntura Científica, realizado na Faculdade de Medicina da USP. O simpósio foi presidido pelo Dr. Paulo Luiz Faber e aberto pelo então superintendente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Dr. Vicente Amato Neto.
1991 – Criação da Federação Nacional dos Profissionais de Acupuntura, Moxabustão, Do-In e Quiroprática, com registro no Ministério do trabalho.
1992 – É realizado o primeiro congresso médico de Acupuntura no Rio Grande do Sul, onde são apresentadas pesquisas científicas sobre o tema. No mesmo ano, tem início na Universidade de Moji das Cruzes o primeiro curso de Acupuntura do Brasil, em nível de pós-graduação, aberto a todos os profissionais da área da saúde.
1995 – Em 11 de agosto, o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprova a Acupuntura como especialidade médica. Entidades representantes das demais categorias de profissionais da saúde contestaram legalmente essa postura.
1996 – O Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro reconheceu e disciplinou o primeiro curso técnico de Acupuntura e de Shiatsu do Brasil.
1997 – A cidade de são Paulo institui o Dia do Acupunturista (23 de março), pela Lei nº 12487. É a primeira cidade do mundo a instituir uma data comemorativa para os acupunturistas.
1999 – Os atendimentos em Acupuntura passam a ser registrados no Ministério da Saúde, permitindo o acompanhamento na evolução das consultas por região e em todo o país.
2000 – O Conselho Federal de Farmácia através da Resolução nº 353 e o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional através da Resolução nº 272 reconhecem a Acupuntura como especialidade.
2001 – o Sindicato dos Acupunturistas e Terapias Orientais do Estado de São Paulo (SATOSP) obtem do Ministério do Trabalho confirmação da Acupuntura como profissão.
2002 – O Conselho Federal de Psicologia reconhece a utilização da Acupuntura como recurso complementar no trabalho do psicólogo.
2006 – Criação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde pelo Ministério da Saúde, aproximando a Acupuntura do serviço público de saúde do Brasil. A normativa autoriza a utilização, além da Acupuntura, da homeopatia, fitoterapia e do termalismo social/crenoterapia (uso de águas minerais) nos tratamentos do SUS.
Fonte: Acupunturista.net